Pesquisar este blog

segunda-feira, 21 de março de 2011

Terremotos e tsunamis no Japão

loco de Conteúdo
Geografia
Conteúdo
Meio natural e suas tecnologias
Conteúdo relacionado
Este plano de aula está ligado ao seguinte especial publicado em VEJA.com:
Conteúdos
Japão: terremotos; placas tectônicas; tsunami; usinas nucleares; catástrofes naturais e organização social

Objetivos
Com base em dados sobre fenômenos naturais e dinâmicas sociais, analisar origens e repercussões de terremotos e tsunamis no Japão

Tempo estimado
Cinco aulas

Introdução
Às 14h46min do dia 12 de março um forte terremoto de 8,9 graus na escala Richter – com epicentro no oceano a 24 km de profundidade e a apenas 130 km da costa do Japão – sacudiu o arquipélago. Nesta magnitude, o sismo tem a força suficiente para dizimar cidades inteiras. Minutos depois, um tsunami devastou várias cidades da costa nordeste do país, em especial a província de Miyagi, cuja capital é Sendai, com 1 milhão de habitantes. Foi o maior abalo já ocorrido no país, situado entre os dez maiores já registrados pela humanidade.

Mesmo sendo um país rico, organizado e com espaços estruturados para suportar abalos – os japoneses estão acostumados a tremores de terra diários –, os efeitos são devastadores: o cenário é de terra arrasada, com destroços amontoados em várias cidades da região. O abalo foi de grande magnitude, mas a maior parte da destruição resulta da ação do tsunami, com ondas de até 10 metros de altura que arrastaram casas, carros, barcos, equipamentos públicos e edificações terra adentro. Entre os efeitos mais preocupantes está o comprometimento de reatores nucleares em Fukushima. Houve também repercussões em ilhas do Pacífico e na costa oeste do continente americano. Nos dias seguintes, sucessivos tremores foram registrados no país.
É importante que os estudantes se apropriem de explicações sobre a ocorrência dos fenômenos naturais como esse e aproveitem a oportunidade para refletir sobre os limites da ação humana diante da intensidade de episódios de grande porte.

Desenvolvimento

1ª aula
Explique à turma que nas próximas cinco aulas eles vão analisar os terremotos e tsunami ocorridos no Japão e suas consequências sociais e econômicas. O trabalho será dividido em três temas:

a) causas e ocorrências de terremotos;
b) os tsunamis como efeito conexo dos abalos sísmicos;
c) a capacidade atual da organização social japonesa para lidar com catástrofes naturais desse tipo, incluindo-se aí as redes de cooperação internacional.

Dedique a primeira aula às causas e ocorrências de terremotos. Recomende que os estudantes leiam os relatos A terra roncava e Milhares se refugiam em escritórios, publicados no site VEJA.com, e observem as imagens da catástrofe. É importante que examinem também as últimas notícias sobre o alerta nuclear no país e a linha do tempo com os maiores sismos já registrados. Estimule os estudantes a recolher informações em outras fontes. Peça que organizem os dados encontrados em um quadro-síntese ou painel com a cronologia dos principais acontecimentos.

O próximo passo é conversar com a turma sobre o que sabem a respeito dos abalos ocorridos no Japão e na orla Pacífico como um todo (o Cinturão ou Círculo do Fogo) e a ocorrência de tsunamis. Para orientar a exposição e os debates, comece explicando à classe que a mais intensa atividade sísmica do planeta está concentrada nos limites entre as placas tectônicas (ou litosféricas). Essas zonas estão marcadas pela presença de vulcões ativos, falhas e abalos sísmicos frequentes. Como salienta o estudo Decifrando a Terra, coordenado por Wilson Teixeira e colaboradores, há distintos tipos de limites entre as placas litosféricas. Eles podem ser:

- divergentes – afastamento de placas, comuns nas cordilheiras meso-oceânicas;
- convergentes – colisão ou choque entre placas, caso do evento no Japão, que está situado no limite entre as placas Pacífica e da Eurásia, de forte tensão;
- conservativos – situação em que as placas colidem de forma oblíqua, deslizando lateralmente entre si ao longo de falhas transformantes, caso da falha de San Andreas, na Califórnia.

Para visualizar as placas e as modalidades de limites e contatos, peça à garotada que examine o mapa abaixo.

Mapa 1 – Distribuição das placas litosféricas da Terra (Clique para ampliar)
Fonte: TEIXEIRA, Wilson et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009 Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009, p. 86.
Fonte: TEIXEIRA, Wilson et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009 Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009, p. 86.

Informe à turma que a orla do Oceano Pacífico concentra a maior parte dos terremotos na crosta terrestre. Trata-se do Círculo ou Cinturão do Fogo, que envolve a costa asiática, parte da Oceania (incluindo a Nova Zelândia, atingida por um sismo em 2010) e parcelas da costa oeste da América. Esta faixa é marcada também por ativo vulcanismo, processo que está na origem de ilhas oceânicas da região.

Apresente à classe o Mapa 2, que mostra a distribuição mundial dos sismos de grande magnitude. Os estudantes vão perceber que outros sismos violentos já registrados na história recente também estão nesta faixa, como o de Cascadia (Canadá/EUA, no ano 1700), de Sumatra (1833), de Arica (Chile/Peru, em 1868) e do Equador (1906) – além, é claro, do maior sismo registrado até hoje, no Chile, em 1960.

Mapa 2 – Distribuição mundial de epicentros de sismos com magnitude (Clique para ampliar)
Fonte: TEIXEIRA, Wilson et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009 Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009, p. 90.
Fonte: TEIXEIRA, Wilson et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009 Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009, p. 90.

Comente com a moçada que especialistas consultados sobre o recente terremoto assinalam que a forte tensão acumulada no contato entre as placas no Japão, uma vez liberada, corresponde à energia de 27 mil bombas atômicas similares à que destruiu Hiroshima na 2ª Guerra Mundial. Sismógrafos instalados em diferentes pontos da Terra registraram o evento, que chegou a provocar modificações de até 10 centímetros no eixo de rotação da Terra – desprezível diante da extensão da circunferência do planeta, mas que dá uma ideia da magnitude do episódio. Vale notar que, após o principal abalo, foram registrados nos dias seguintes réplicas com mais de 250 novos tremores, um deles de maior intensidade na costa noroeste em 14 de março.

2ª aula
Retome as discussões da aula anterior e passe para o segundo tópico da análise: os tsunamis como efeito conexo dos abalos sísmicos. Apresente aos estudantes a explicação abaixo.
Tsunamis
A palavra tsunami foi oferecida ao mundo pelos japoneses. Numa tradução livre, significa “onda de porto” e é usado para designar as ondas gigantes associadas aos abalos sísmicos. As ondas são geradas pelos tremores no fundo do oceano, capazes de deslocar a coluna d’água do epicentro para todas as direções. A água se move em altas velocidades e com grande comprimento de onda – como foi o caso da que atingiu o arquipélago japonês após o terremoto do último dia 12 de março. À medida que a onda se aproxima da costa, o relevo submarino torna-se mais raso. A onda perde velocidade e ganha altura, com energia suficiente para penetrar por quilômetros nas terras emersas.
Para que fique mais claro, apresente à moçada o esquema a seguir:

Esquema - Tsunami (Clique para ampliar)
Fonte: TEIXEIRA, Wilson et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009 Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009, p. 94.
Fonte: TEIXEIRA, Wilson et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009 Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009, p. 94.

Explique que, quando o tsunami atinge as áreas costeiras, não há o que fazer para contê-lo. A única medida possível é evacuar a população rapidamente. No caso japonês, não houve possibilidade disso ser realizado plenamente. A onda chegou ao arquipélago em poucos minutos, já que o epicentro foi próximo à costa. Há várias cidades muito afetadas e com grande número de mortos e desaparecidos. Os últimos dados oficiais, atualizados a cada instante, somam cerca de 2 mil mortes. Mas somente na localidade de Minami-sanriku, fortemente afetada pelo tsunami, há notícias de que há quase 10 mil desaparecidos, pouco mais da metade da população da cidade.

Para finalizar, apresente à garotada o mapa abaixo, publicado no jornal O Estado de S. Paulo do dia 13 de março de 2011.

Mapa 3 – Destruição em larga escala
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/03/2011, p. A24.
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/03/2011, p. A24.

3ª e 4ª aulas
Dedique duas aulas para discutir a capacidade atual da organização social japonesa para lidar com catástrofes naturais desse tipo. Para começar, divida a classe em grupos e proponha que organizem as informações sobre os terremotos e tsunamis japoneses que obtiveram até aqui em um quadro síntese.

Em seguida, proponha que cada grupo reúna, selecione e organize textos, mapas, fotografias e esquemas gráficos a respeito da catástrofe. O passo seguinte será examinar as repercussões para a sociedade e a economia japonesa.

Mostre à moçada que a região de Miyagi, a mais afetada pelas catástrofes naturais, está relativamente distante das áreas mais densamente urbanizadas, como a megalópole Tóquio-Osaka (veja o Mapa 4). Ambas as áreas ficam na ilha de Honshu.

Mapa 4 – Japão: densidade populacional
Fonte: Atlas National Geographic. São Paulo: Ed. Abril, 2008, p. 93 (Ásia II, vol. 8).
Fonte: Atlas National Geographic. São Paulo: Ed. Abril, 2008, p. 93 (Ásia II, vol. 8).
  O perigo da radiação
Comente com os alunos que cidades, casas, estradas, viadutos, refinarias de petróleo, áreas portuárias e outras atividades e infraestruturas foram afetadas tanto pelo terremoto como pelo tsunami. A principal preocupação, contudo, é com a situação das usinas nucleares atingidas por ele. Peça que os estudantes leiam a reportagem Japão se salva da 2ª explosão, mas teme uma 3ª, publicada em VEJA.com.

Explique que cerca de 30% da geração de energia necessária no Japão é produzida em centrais nucleares, já que o país não dispõe de reservas significativas de fontes como o petróleo ou o carvão mineral. São 55 usinas distribuídas pelo território. Várias delas estão sob alerta, mas a situação mais crítica é a das unidades situadas em Fukushima. Para ilustrar, apresente o Mapa das Usinas Nucleares do Japão, publicado na Folha de S.Paulo.

Proponha que os alunos levantem informações a respeito da sucessão de problemas com resfriamento de reatores e vazamento nas usinas nucleares. Esclareça que, em 12 de março, o abalo levou ao desligamento automático dos sistemas de refrigeração em Fukushima 1. Em seguida, atingida pelo tsunami, a usina teve danificados os geradores de emergência, movidos a diesel, responsáveis por garantir o resfriamento dos reatores. Houve explosão no recinto do reator e, segundo o governo japonês, um pequeno vazamento de material radioativo. Um perímetro de isolamento em torno da usina já foi delimitado.

Comente também que as fontes oficiais já admitem a possibilidade de derretimento em dois reatores. Foram constatados problemas semelhantes em Fukushima 2. Equipes da agência oficial, da empresa gestora e representantes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e de vários países já estão na região para examinar a questão. Surgem fortes questionamentos quanto a esta opção energética. As usinas, assim como outras edificações japonesas, estão preparadas para suportar tremores de terra, mas nada pode ser feito quanto à força avassaladora dos tsunamis. E, fato bem conhecido, o problema com as usinas nucleares reside no vazamento de material radioativo que pode contaminar ambientes e pessoas por décadas.

Como minimizar os efeitos de catástrofes naturais
Por enquanto, o número de mortos e desaparecidos ainda é pequeno, se comparados ao terremoto seguido de tsunami que afetou o sul da Ásia, partindo de Sumatra (Indonésia), em 2004. Ali, foram cerca de 240 mil mortos. Isso leva à reflexão sobre que tipo de país e sua respectiva população é mais vulnerável aos danos causados por catástrofes naturais.

Mas mesmo um país como o Japão precisa contar com solidariedade e ajuda humanitária da comunidade internacional. Navios e militares dos EUA, bombeiros e equipes de resgate da Austrália e da Coréia do Sul já chegaram ao país. A região mais afetada ainda sofre com o difícil acesso para a chegada de água e alimentos para os desabrigados. Há pessoas dormindo nas ruas ou em instalações públicas, caso do aeroporto de Sendai. O racionamento de comida, água e energia é iminente.

Num quadro geral de estagnação econômica – o PIB japonês não teve crescimento significativo nos últimos 10 anos – o Japão se depara com o desafio de investir mais de 100 bilhões de dólares, segundo estimativas preliminares, para recuperar as áreas devastadas.

5ª aula
Reserve a última aula para um debate sobre o tema. Peça que os grupos apresentem oralmente o que descobriram. Eles deverão incluir em suas reflexões um debate sobre natureza e sociedade, discutindo as opções de uso dos recursos e de organização dos espaços, diante de um quadro natural com adversidades – como é o caso japonês.

Finalizadas as apresentações, encomende dissertações individuais sobre o tema. Convide toda a turma para seguir acompanhando os desdobramentos dos efeitos da catástrofe que se abateu sobre a Terra do Sol nascente.

Avaliação
Considere a participação de cada estudante nas tarefas individuais e coletivas. Examine o domínio das noções e processos fundamentais e avalie os atributos comunicativos dos grupos. Leve em conta a possibilidade de desdobramentos de estudos sobre o tema em sala de aula.